Alguns exemplos de ligações pela via da dor


Existem vários padrões emocionais e sentimentos negativos que se vão mantendo como forma de permanecer conectado aos familiares e antepassados.

Imagine-se uma mãe perfeccionista e controladora.
Toda a criança, sente necessidade de ser reconhecida e amada pelos pais; portanto, a tendência é que ela faça tudo para agradar á mãe e obter a sua aprovação. Durante a infância, vai observando o seu comportamento,  como algo normal - já que não tem experiência nem maturidade para perceber e analisar as situações. Mas sabe, que se sente pressionada e que tudo poderia ser diferente...
Quando cresce, essa postura mantém-se  - a fim de obter o tal reconhecimento, muito embora isso a sufoque e não o reconheça! As coisas que ela gostaria de fazer, não faz, só para que a mãe não lhe ralhe, ou tome qualquer outra atitude que a entristeça. E assim, esta criança, menina, e depois mulher, vai carregando várias frustrações...e a determinada altura...záz! Tenta romper com todos aqueles padrões comportamentais e experimenta algo diferente - que certamente a mãe não aprovará.
Aqui o sentimento de culpa é sentir-se incapaz de não agradar.
Por sua vez a mãe, pode reforçar esse sentimento, mas da pior maneira possível que é: cobrar e fazer chantagem emocional com a filha.
E muito embora só queira "o bem dela", age baseada em sentimentos egoístas e  controladores, perante tudo o que ela diz e faz. Mesmo que a filha passe por cima das suas vontades, acumulará inconscientemente: frustração e raiva quer pela mãe ou por outra qualquer pessoa que se assemelhe.

Tudo isto gera infelicidade, dificuldades de relacionamento e até doenças físicas.
 Por incrível que pareça, estes padrões são normalmente passados de geração em geração - basta investigar um pouco da relação da mãe com a avó, e certamente assistir-se-á ás mesmas repetições de comportamento.

Estas ligações de sofrimento, ocorrem das mais variadas formas.
Há pessoas que não querem, por exemplo, dissolver o sofrimento duma "perda"- sentem-se como se estivessem a afastar da pessoa que "partiu" e que amavam.
A lógica emocional é:  se se ama, deve-se sofrer a perda o resto da vida; por outro lado, se se ficar em paz, é porque não amava tanto assim.
Ou seja: as pessoas sentem-se como que a trair ou abandonar o ente querido.
- "É uma ferida aberta que nunca cicatriza" - dizem.
Pois são precisamente esses pensamentos verbalizados ou não, que vão corroendo o inconsciente, até o caos interno se instalar e é enorme!

Outro dos casos, são pessoas com depressão.
Existem pensamentos e sentimentos que ditam se aquela pessoa "não pode ou não deve ser feliz, por que a mãe dela sofreu a vida inteira" - e pôde até, morrer de depressão. Este exemplo traduz-se em: sofrer por solidariedade, ou piedade!
É uma forma doentia de demonstrar a quem se ama.... e como os pensamentos são vivos, embora por vezes inconscientes, vão sendo comuns nestas famílias depressivas.
Depois ainda existem as obesas - outro exemplo.
Se um membro quiser emagrecer, pode sentir-se culpado por ter tomado essa atitude....e então, volta ao peso inicial, para ser aceite pelos restantes familiares.

A escolha dos relacionamentos, a repetição de vícios, o desenvolvimento de doenças físicas, tudo isto pode estar relacionado com o padrão de comportamentos e/ou perpectuação do sofrimento que causam.
Se se identificarem todos estes males, poder-se-á sair dessa armadilha que conduz a uma enorme auto-sabotagem...- se bem que inconsciente por vezes.

(In: workshop liderado por André Lima - psicoterapeuta)